sábado, 2 de outubro de 2010

Julia Faria, entre dois amores: Ela conta como deixou a moda para ser atriz

Nos últimos anos, Julia Faria esteve dividida entre dois amores. Não, não estamos falando de Junior Lima e outro galã de novela das oito. Estamos falando de duas carreiras, a de atriz e a da moda.

Julia sempre amou atuar, mas a verdade é que a moda sempre amou Júlia. Ela, é claro, correspondeu essa paixão, dedicando-se por três anos à carreira de produtora de moda em revistas.

Mas o coração falou mais alto, ela desistiu do mundo fashion - da profissão, veja bem, não daquela bolsinha Chanel linda - para se dedicar à dramaturgia.

Fez cursos, foi até morar em Nova York para ficar afiada. Deu certo, agora ela é Mônica em "Passione". Amiga de muita gente famosa na Globo, ela diz que o "QI" (quem indica) não funcionou no seu caso e que sua "batalha foi individual". Ela conta como o teatro mudou sua vida, o caminho trilhado até a TV e que, apesar de estar solteira e não à procura, quer um parceiro para vida toda para formar uma família.

Em "Passione", você faz sua estreia na TV. Como surgiu o convite?

Julia Faria - Fiz teste para "Passione" em outubro do ano passado. Como já tinha feito outros testes, aprendi a dosar a expectativa. Quando comecei a ler notícias de que já estavam gravando e ninguém tinha me ligado, pensei: "ah, não passei". Mas aí, quando menos se espera, acontece. Eu estava comemorando meu curta (curta metragem de conclusão do curso na NY Film Academy) com os colegas em Nova York, quando meu rádio tocou e era o o produtor de elenco da Globo contando que ia entrar uma personagem na novela que era o meu perfil.

Você trabalhava com moda, como decidiu ser atriz?


Na verdade, eu sempre quis ser atriz, desde que eu me conheço por gente. Meu primeiro espetáculo eu tinha 12 anos. Foi quando entrei para a Oficina dos Menestréis (companhia de teatro amador de São Paulo). Eu ficava no Teatro Dias Gomes (na Vila Mariana, onde funciona a Oficina) de segunda a segunda, fazia todos os espetáculos. Não só atuando, mas fazia iluminacao, contra-regragem, bilheteria. Passei minha adolescência inteira lá dentro. Todas as minhas descobertas foram no teatro, meu primeiro amor, meu primeiro beijo, a primeira paquera. Era uma turma muito unida e muito bacana, todo mundo meio hippie, pé descalço.

E como você entrou na moda? 


Quando eu cheguei no terceiro colegial, meu pai me chamou para um papo. "Minha filha, você está com cinco peças e ganha 350 reais por mês. Como você vai viver desse jeito? Vamos pensar num plano B". Como sempre gostei de escrever, fui fazer jornalismo. Naquela época, com toda "hippice" do teatro, (o jornalismo) ainda era aquele sonho de mudar o mundo. Aí meu pai me arrumou um estágio na (revista) "Capricho". Cheguei hippie de doer com bracelete de semente, chinelo de couro e brinco de pena e fui trabalhar com moda (risos).

E como foi essa mudança?
 
Ao trabalhar, eu fui me apaixonando pela moda. Influenciou em tudo na minha, o jeito que me visto... Eu ainda conseguia conciliar com os meus espetáculos, mas não ficava mais com tanta frequência no teatro. A moda estava tomando uma proporção muito grande na minha vida. Já tinha conquistado uma carreira muito bacana, coisas difíceis de abrir mão, mas alguma coisa no meu coração me dizia: "por que não posso conseguir naquilo que me motiva, que me faz dormir e acordar"?

E aí largou tudo e foi atrás do sonho de ser atriz?


Terminei a faculdade e fui fazer pós em artes cênicas. E começou decidido que eu ia me bancar inteira, mas é claro que meu pai me ajudou com faculdade, aluguel. Aí começaram os testes (na TV). Fiz para "Viver a vida", "Malhação", "Ciranda de Pedra" e não passei. Você sempre ouve que não é o seu perfil. Aí você fica torcendo pra que alguma hora chegue o seu perfil (risos).

Isso tava acabando com sua autoestima? 

Não sei se com a autoestima, porque existem todas as outras fatias da pizza pra você montar sua autoestima. Mas é claro que você não fica feliz quando recebe uma negativa. 

E agora com a novela? Quando você se vê na TV, o que você pensa? Você é muito autocritica?

(risos) Sou! Muito! É um veículo novo, que você precisa de muita prática para dominar a técnica. É muita informação, além de passar o seu texto. Também comecei a me ver muito, por ângulos que nunca tinha visto, de costas, de frente, de lado. (As pessoas) Começam a apontar coisas boas, outras nem tanto. Tenho um feedback muito grande quando eu entro em cena através Twitter (tem mais de 30 mil seguidores). A cada cena, aparecem 50, 100 comentários.

Que tipo de comentário? 


Muito bons, eu dou sorte. As pessoas que criticam não mandam diretamente pra mim, né? 'Ah, ela é feia', 'o que é que ela está fazendo aí?'. A maioria falando de beleza, que o cabelo era feio, o rosto muito quadrado, essas coisas. Já estou protegida para ouvir a crítica, sei que estou me experimentando aos olhos de milhões de pessoas.

Você estava falando de oportunidades. Você é uma pessoa que tem diversos amigos famosos. Você acha que isso te ajuda na carreira? 


A conseguir as coisas não me ajuda. Nada mudou porque eu tenho amigas atrizes. O que muda é que você tem pessoas do mesmo ofício que o seu, que podem bater um texto, que você pedir opinião, assistir à cena junto. Mas minha batalha foi individual. "Quem indica", pra mim, não rolou.

E a sua roupa, na novela, você opina alguma coisa?

As figuristas da novela são a Gogóia Sampaio e a Rô Gonçalves, e o meu gosto bate muito com o delas. Chega o look e a gente entra em consenso com quase tudo. A personagem já tem meio as marcas registadas dela que são o cinto alto, as saias curtinhas.

O personagem é bem próximo a você...

À primeira vista pode parecer, mas eu não vestiria muita coisa que a Mônica veste não. São detalhes sutis, ela é mais "combinandinha". É superpatricinha, é fácil de gostar do figurino dela.

E com o Sinval, terão reviravoltas? 


A Fátima (Bianca Bin) vai dar valor quando perde, como toda mulher desse planeta! E a Mônica não vai deixar barato. Ela vai lutar com todas as armas possíveis, vão disputar o Sinval a tapa.

Você está sozinha no Rio, sem família. Quem te ajuda? 


A minha mãe é tão presente! Que mesmo distante ela consegue me deixar bem confortável. Desde que me mudei conquistei uma tranquilidade de viver sozinha. É um exercício de ficar um domingo lendo livro e aquilo tem que ser confortável. Não é fácil.Quando aperta, um dia que não foi tão fácil, tenho m inhas amigas no Rio de Janeiro e todas moram sozinhas. Então a gente acaba meio que construindo uma familiazinha nossa. Mas é mais no divertimento.

Dessa família, desse círculo de amigas, quem são as mais próximas?

Ah, sacanagem! Vou citar uma e não vou falar de outra...

Você começou a aparecer na imprensa quando começou a namorar com o Junior (Lima, irmão de Sandy). Ser "a namorada do Junior" te incomodava?

Não me incomodava, não. Fazia parte.

Namorar com uma celebridade tem disso... É difícil bancar algo assim?

Você não escolhe por quem você se apaixona. Se você souber como fazer isso, me diz que eu estou precisando. Tenho uma frase que eu sempre uso: "meu sonho é que meu cérebro tivesse um mapa que indicasse pra onde meu coração pode ir". Faz tanto tempo que eu namorei o Ju. Essas coisas acontecem, aconteceu e vivi como tinha que ter sido. A imprensa foi uma coisa que veio, uma consequência.

Você ainda tem contato com ele?

Normal.

E agora, você está solteira?

Estou. Mas vou te dizer que não facilito muito, não saio de casa à toa. Se eu saio é para ir ao teatro, cinema, show, mas normalmente com os amigos. Eu e minhas amigas solteiras não temos muito esse perfil. Estou aberta se aparecer, mas não é o foco, não sinto necessidade, não estou procurando.

Você é aquele tipo de moça que quer casar, ter filhos, família?

Ah, sim. O exemplo que eu tenho em casa é muito maneiro, meus pais são namorados até hoje. Se eu pudesse ter metade do que eles têm já estaria feliz. Mas não sei se vai ser assim, só sei que quero ser feliz.

Você tem um prazo estipulado pra isso?

Eu adoraria... ai, nenhum homem mais vai chegar perto de mim (risos). Adoraria ter um filho antes dos 30. Vendo o exemplo lá de casa, da minha mâe que me teve com 26. Gostaria de ter filho com 27, 28. Mas é uma coisa que não dá pra escolher, a gente depende do pai da criança. Queria estar numa relação estável, de parceria, mas não necessariamente casada.

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